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CB 400 - CAFE RACER

O estilo café racer tem ganhado espaço a cada dia e os apaixonados por motos velozes e potentes agora também podem apostar na customização de suas bikes. Esse estilo tem como ideia principal pegar as motos street, retirar o máximo de peso possível e deixar o piloto em uma posição mais esportiva de pilotagem. 

A pedidos de um cliente, customizamos um CB 400 II, ano 1983 no estilo café racer, respeitando os preceitos da cultura. Abaixo detalhamos alguns aspectos desse projeto.

O projeto "Get a Ride"

 

O cliente nos procurou com a intenção de customizar sua honda CB 400 II 1983 (que foi comprada especificamente para esse projeto). Ele fez uma longa pesquisa sobre o estilo criando seu projeto base através de fotos de referência. Quando conversamos sobre a customização, ficou claro que o cliente sabia o que esperava de sua moto, e que teríamos uma grande responsabilidade.

 

Começamos o projeto revisando a mecânica, pois antes de customizar uma motocicleta é essencial checar o funcionamento dos sistemas mecânicos, hidráulicos e elétricos. 

 

O primeiro passo da customização foi desmontar a moto, definindo o que seria reaproveitado, e o que seria descartado. Obviamente, a maioria das peças removidas não voltaram para a motocicleta.

 

Ficou definido que o tanque a ser usado na moto seria o da RX 125. Mas, para colocar um tanque de uma moto 125cc em uma de 400cc é preciso ajustar o chassi e o próprio tanque. Basicamente foi preciso ajustar os engates do tanque no chassi, e tivemos que refazer toda a parte de baixo do tanque.

Um fator muito importante que sempre foi levado em consideração é a linha de baixo do tanque, que deve combinar com a linha do banco.

 

Quando ajustamos o tanque foi preciso garantir que o alinhamento do tanque permitisse que existisse uma linha horizontal reta e única com o tanque e o banco. Dessa forma, é preciso considerar a altura dos pneus e rodas, ajuste do quadro e suspensão, engate do banco e tudo mais que possa influenciar na altura da dianteira ou da traseira da moto. Assim, quando a moto estiver parada a linha horizontal característica das cafe racers será exata.

Após ajustar o tanque, foi aplicado um revestimento acrílico que adere ao metal criando uma camada de proteção, impedindo o contato direto do combustível com o metal do tanque, e evitando qualquer tipo de oxidação e/ou corrosão. Esse revestimento é indicado para qualquer tanque de combustível metálico, principalmente tanques antigos ou alterados e soldados.

 

O próximo passo foi ajustar a parte traseira do chassi da moto. Esse é o ponto onde a maioria acaba não trabalhando devido ao risco de a moto ficar desalinhada. De fato, se você (ou o seu mecânico) não tem experiência nesse tipo de trabalho, o ideal é não arriscar o alinhamento e a segurança da motocicleta. Uma moto desalinhada perde a estabilidade em velocidades um pouco acima de 90km/h. Além disso, o desgaste da moto será enorme, pois os sistemas não irão trabalhar corretamente.

 

Decidimos então cortar a parte de trás do chassi da moto (também conhecido como quadro), e realizar uma emenda nas peças de base do chassi. Para isso, foi preciso remoldar as peças base modificando suas curvaturas e ângulos de trabalho.

 

Depois de cortar e remoldar, fabricamos a parte traseira do chassi e soldamos nos tubos de espera do chassi original. Fizemos uma traseira reta e arredonda na ponta, de acordo com o projeto definido pelo cliente. Importante ressaltar que a parte traseira do chassi ficou alinhada com a linha da base do tanque. E é aí que vemos o início de uma café racer.

Outro passo importante nesse projeto foi a fabricação do escapamento. Para garantir um ronco legal e um pouco de economia no orçamento do projeto, utilizamos as curvas e o difusor original do escapamento da moto, e fabricamos as ponteiras novas. Ela foram feitas a partir de tubos de metal com abafador interno.

Muito bem, agora é hora de falar das rodas! Uma café em sua essência possui rodas raiadas, e essa não seria diferente. Decidimos utilizar os cubos originais das rodas da CB, e para isso cortamos os cubos e torneamos. Fabricamos flanges que foram fixados nos cubos, depois montamos os raios e as lâminas. Depois de balanceadas foram colocados os pneus e as rodas foram pintadas.

O banco do piloto foi feito com um formato clássico esportivo, mas com um pouco de tecnologia incorporada. A lanterna da moto foi instalada dentro do banco na parte traseira, e seu design clássico teve um requinte tecnológico com uma lanterna de led.

Esse banco foi fabricado com uma base de metal, e depois revestido por um estofador experiente que trabalha em parceria com nossa empresa.

 

O motor da moto, após revisado, recebeu uma pintura em preto semi brilho. A tinta utilizada foi uma tinta laca nitro celulose, que é capaz de aguentar temperaturas mais elevadas. Tintas automotivas convencionais não suportam temperaturas altas. O quadro da moto e os amortecedores também receberam pintura em preto.

 

Depois das modificações, ajustes estruturais e aparentes, pintura e personalização, deu-se início à montagem da moto. Para a montagem completa foram necessárias 46h de trabalho. Cada parafuso instalado deve ter um aperto específico, e alguns necessitam o uso de travas químicas. A maioria dos parafusos instalados na moto são de inox, garantindo a resistência e a durabilidade.

O resultado final foi uma moto linda, com estilo clássico de uma café racer. A pilotagem da moto mostra ainda que ela realmente tem o espirito café e a alma de uma esportiva da década de 50. 

A bateria foi acondicionada em uma caixa fabricada especialmente para ela. Como ela fica em uma caixa fechada, colocamos bornes auxiliares externos para caso seja necessária realizar uma partida com bateria auxiliar. Durante todo o processo tivemos a preocupação com as futuras manutenções que toda motocicleta necessita.

 

Agora você verá como a moto ficou depois de pronta, e apontaremos alguns detalhes que você pode observar.

Os pedais são de alumínio, recuados para dar uma posição mais esportiva à pilotagem da moto. Os espelhos retrovisores foram instalados no guidão, próximo aos punhos. Também existe a possibilidade de colocar os espelhos nas pontas do guidão. O velocímetro escolhido foi um modelo universal com acionamento mecânico. Ele possui as luzes de neutro, luz de óleo, luz de farol alto e indicador de piscas.

As curvas do escapamento foram cobertas com fita termo tape black (também conhecida como manta térmica), o que diminui o calor dos canos de escape, e ainda dá um visual legal para a motocicleta.

Cada item fabricado, instalado e projetado nessa moto foi pensando sempre no estilo café racer clássico, aliado a novas tecnologias. Foi um projeto muito interessante de se trabalhar devido à complexidade de alinhamentos e combinações de linhas específicas, o que não é tão comum em outros estilos de motos.

 

No entanto, o maior ganho com esse projeto foram dois pontos: o primeiro foi a fabricação de mais uma bela moto, que possibilita a quem pilota sentir um pouco da cultura dos anos 50 e 60, obtendo uma experiência única. O segundo e mais importante, foi a construção de uma grande amizade, pois customizar motos é expressar no metal os sonhos de uma pessoa.

 

Agradeço a esse cliente que se tornou um grande amigo, pela confiança e parceria na construção dessa moto.

 

Aproveitem mais algumas fotos, e em breve novos projetos.

 

Roberto Dusik

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